quarta-feira, 26 de agosto de 2015

VISITA AO COLÉGIO FELIX MENDONÇA



A visita ao colégio Felix Mendonça, para mim teve um efeito de choque ou melhor dizendo deslumbramento. Eu vim de colégio público em que a realidade era: ensino médio sem professor de química e física o ano inteiro, sem nenhum amparo vocacional ou estrutura.
Quando me deparei com um colégio de estrutura, pensei que o fatalismo mental que estive preso mentalmente está ruindo aos poucos. Por quê?
Ao entrarmos na sala de aula vimos alunos totalmente interessados com o seu próprio futuro. O esquema curricular por módulos me deixou fascinado e ao explanar sobre o ensino superior pude sentir que eles não conheciam ainda a estrutura da UFSB, tinham muitas dúvidas quanto à grade curricular que neste caso segue uma divisão de ciclos. 
Estabelecemos a diferença entre a faculdade e universidade e creio ter sido efetiva e positiva a nossa presença no Colégio Felix Mendonça.
Concluo com extrema felicidade que existem ainda colégios com ensino público de qualidade e esse futuro está muito bem mais amparado do que estive no meu passado. A UFSB foi bem representada e creio com firmeza que teremos novos colegas em breve, saídos deste colégio, que construirão uma sociedade mais humanista. 
Humanizar os humanos parece algo redundante, mas creio na possibilidade deste fato com o projeto da nossa faculdade e o colégio público pode competir em pé de igualdade com o colégio particular. Ainda estamos longe do ideal mas esse colégio é uma flor no asfalto e em breve teremos um novo jardim de conhecimento.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

CONCERTO E MÚSICA ALIADOS AO SENSÍVEL




Na aula em que fomos expostos à música , eu fiquei pensando: É por isso que eu vivo a música intensamente!
Realmente temos momentos na vida em que muitas coisas importantes acontecem : primeiro filho, primeira formatura, etc. Mas a música e a felicidade de poder se expressar usando este tipo de linguagem só que tem este dom pode dimensionar o que estou dizendo.
E fiquei em completo êxtase ao ouvir a Nona de Beethoven em plena sala de aula e me concentrei no mundo da música clássica que particularmente eu adoro (como toda música de qualidade que eu também sou aficionado). A turma neste caso ficou imbuída deste espírito musical e uma das formas mais fantásticas de integração entre as pessoas é através das brincadeiras musicais ( e o desafio foi mais do que acertado para a aula).
A culminância de todo o contato com  a música foi a criação de uma música in loco da turma e falando como compositor, achei que a proposta foi cumprida com êxito. Claro que a linguagem da letra e o modo de composição é muito peculiar, algumas coisas eu tiraria ou acrescentaria por algum motivo que escapa a memória no momento. 
Creio que meu processo de composição seja um pouco diferente e fazer algo em grupo com pessoas diferentes que nem sempre estavam conectadas tecnicamente à música se tornou difícil, por isso decidi junto com o outro colega músico na ocasião um blues para ser utilizado. O blues é um ritmo um pouco mais simples em que a adequação da letra pode ser livre, daí a facilidade da turma na execução da canção.
Enfim, foram duas aulas muito interessantes e quando falou em música teve um componente emocional a mais ( um sabor especial!).

FOLHAS E EXPERIÊNCIAS SENSÍVEIS







No dia da aula em que tivemos escolher uma folha para representar , fiquei me perguntando o que vem a ser isso? Por quê nunca prestei atenção às folhas ao meu redor e o que elas me proporcionam de bom?
Com a folha em mãos estava identificando seus elementos (cor, nervuras e tamanho) e comecei a associar isto com a matemática (com a aula de fractais mais especificamente) e imaginando se aquilo poderia ser um fractal também. Não sei se matematicamente posso considerar como tal, mas ao pegar a folha de goiabeira me veio a retrospectiva da minha infância em que comia goiabas na roça do meu avô, onde muitas vezes descobria que o fruto estava "bichado" depois de ter mordido (uma desagradável surpresa por sinal!). 
Ao mesmo tempo que minha mente foi povoada por bons pensamentos e excelentes recordações, pensei na minha finitude (não que isso não seja bom!) e como podemos nos desintegrar como a folha que cai ao chão depois que sua estação ou período se encerra. Deste modo pensei em como ela poderia adubar a terra depois de se decompor e como isso se parece conosco. 
Infelizmente somos ensinados a pensar no fim em último caso ou muito raramente, mas o contato com a folha me fez ter essa retrospectiva filosófica sobre a minha própria vida e como espero que a árvore da minha vida (que já deu frutos: minha filha Stella!) e o fruto que já deram continuem o caminho de melhorias e transmissão de sentimentos pela música que milito sem descanso.

sábado, 15 de agosto de 2015

EXPERIÊNCIA DO SENSÍVEL - ÁGUA





Após todos os discentes discorrerem sobre a importância da água que recolher , é curioso perceber como os momentos da vida podem ser marcantes associados a algum aspecto que antes passava despercebido. De posse destas amostras de água, foi sugerido por um dos colegas a montagem de uma fonte utilizando canos PVC, durepox e outros acessórios. 
Um dos pontos fortes desta turma que se reúne semanalmente é a união efetiva por um bem comum e para este caso não foi diferente. Poderia continuar no processo descritivo, mas acho ele meio enfadonho e prefiro me ater ao que senti durante todo o processo. E neste dispositivo em particular estive imbuído de resolver algumas tarefas e pensava: "Como uma simples água pode mudar tudo?".
Simplesmente não pensávamos neste recurso natural como uma fonte de lembrança, pois, a recordação do passado nos faz ver o que existe no presente, desta forma lembrar de onde ela veio, para onde veio, em que sentido ela se insere na minha história foi essencial para compreender como minha vida caminhou nestes 31 anos.
O interessante é deixar um pedaço de nós na fonte, nem que seja somente a água. Não sei se as pessoas que enxergarem tal fonte, irão entender o que ela representa (creio que apenas quem fez entenderá). Mas deixar a marca da turma no Campus Jorge Amado é uma estratégia mais do que acertada, para não sermos apenas mais um mural pendurado no corredor e sim construtores de obras reais e físicas que impactarão na admissão de novos discentes e na evolução da UFSB.
É possível ter discentes atuantes no espaço universitário e sensíveis ao curso da sua história.

domingo, 9 de agosto de 2015

EDUCAÇÃO NÃO É PRIVILÉGIO





Por quê o ensino público mudou tanto de uns tempos para cá? Em minha parca análise, constato que o investimento e a metodologia são fatores primordiais para essa mudança brusca em que as escolas particulares prestam serviço de qualidade, enquanto as escolas públicas não.
Fazendo uma breve analogia mental, algumas escolas particulares que tive oportunidade de conviver lecionando não fugiam muito ao termo "conteudista" de ser das outras instituições. Como Anísio Teixeira pode ser tão visionário?
É certo que ele adaptou idéias que já existiam no modelo americano de ensino, no entanto, a nossa realidade era totalmente distinta e ele sofreu numerosas resistências do setor da igreja (que pretendia manter o domínio do sistema educacional brasileiro). Dispomos de tecnologias acuradas no momento, mas a educação pública de todos com acesso a ensino de qualidade e respeitando o aluno em todo seu espectro (incluindo a vivência) está um pouco distante do desejável.
Me pergunto: Aonde estão os prêmios Nobel dos brasileiros? Faz - se um incentivo imenso em pesquisa de diversas frentes ou áreas, mas qual a relevância de algumas pesquisas para o mundo?
Quando eu era acadêmico de Biomedicina, há um tempo atrás, trabalhava num projeto de pesquisa que acreditava ser interessante: descobrir substâncias produzidas pelo fungo da vassoura de bruxa que teriam propriedades antibióticas. Eu imaginava estar contribuindo para a melhoria da comunidade à minha volta, não sabendo que demoraria muito tempo até a provável descoberta ganhar a luz do dia e uma parcela da população não teria acesso a meu achado após ser patenteado.
Refletindo seriamente sobre isso, me faz concluir que eu estava apenas alimentando a academia com mais um trabalho embolorado nos porões da biblioteca. Tudo bem que as universidades tenham pesquisa interessantes e essa foi uma das premissas em que Anísio Teixeira se baseava para criar a UNB, mas a ponte faculdade - sociedade deve ser mais curto.
E a educação básica? É o começo de toda a jornada e deve ser revista.
Se houvesse uma reformulação séria da educação brasileira, creio que os problemas de acesso à universidade seriam amenizados. Reforma essa que passaria por um investimento econômico mais efetivo no setor educacional (não precisamos mencionar os escândalos políticos que infelizmente fazem parte do nosso cenário) e ensino interdisciplinar. 
Pode ser um sonho ou reflexão espúria, mas quem ler esta reflexão possa refletir sobre os caminhos educacionais da nossa nação. Anísio Teixeira foi um visionário e em 1968 ele já pensava em coisas que agora estamos enxergando em pleno 2015 com a vinda da UFSB para a nossa região, logo, quem merece todas as homenagens a esse "despertar" seria esse teórico.
Vamos pensar em governantes comprometidos com essa causa educacional, pois, depois de ter acesso ao documentário e ao texto de Anísio é possível a mudança. Agora entendo por quê meu pai dizia que a educação pública do passado era melhor, guardada as devidas proporções, pois, o ensino era dicotômico (professor que castiga - aluno que aprende sob castigo) e essa prática não se aplica mais aos nossos dias.
Mas me parece que no passado tinham governantes mais interessados no desenvolvimento do país, sendo que, isso implicaria em "cabeças pensantes" que escolheriam melhor seus governantes. Será que eles vão comprar essa ideia algum dia?
Como discentes vamos nos formar para transmitir a mensagem de transformação, para diminuirmos essa realidade de privilégio educacional que ainda não saiu de cena infelizmente.

sábado, 8 de agosto de 2015

REFLEXÕES BASEADAS NA AUTONOMIA PEDAGÓGICA





Estou em meu quarto ouvindo a 5º sinfonia de Beethoven em dó menor e entro em total estado de transe para começar a reflexão sobre a prática pedagógica e quais os caminhos necessários para o estabelecimento da autonomia do educando (precisava me inspirar e nada melhor que a música clássica).
Lembro - me bem das práticas do passado em que eu estive inserido e como não tínhamos escolha de propor um material distinto para estudar. Será que os meus professores nunca tiveram acesso a obra de Paulo Freire? Duvido muito disto, pois, creio ele ser um teórico obrigatório nos cursos que envolvem educação e com certeza leram pelo menos um livro dele. 
Enfim, os modelos de transferência de conhecimento são mais práticos, com uma ressalva de não ter a certeza de que o aluno assimilou os conteúdos necessários. Uma prova desse aprendizado momentâneo tive em Anatomia Humana , onde estudei nome de inserções, nome de ossos, músculos que não ficaram em minha mente (por que será?). Simplesmente, estes ensinamentos não fizeram parte da minha prática profissional e se perderam no tempo.
Não estou duvidando do comprometimento dos meus professores, pois, tive uma formação acadêmica muito boa. Desculpem por esse flashback a todo momento, mas o presente a gente associa com coisas do passado para construir um futuro, logo, estou "enxergando" com outros olhos no momento.
Se no futuro, tiver a intencionalidade de lecionar música por exemplo (que é minha área de atuação) preciso estar atento a uma série de coisas: 

  • Ética na minha conduta
  • A metodologia de ensino escolhida por mim deve ser interessante e instigante
  • A busca do conhecimento deve ser incessante
  • Utilizar elementos da realidade do discente
Elencei apenas estas características, por que ao voltar mentalmente ao posto de professor sinto quão importante é a tarefa do mesmo. Como seguir um caminho diferente para ensinar escalas maiores, diminutas ou técnicas de piano para meus futuros discentes?
Em suma, devo fazer:
  • Um estudo dos tipos de cultura existentes (popular, massa e erudita)
  • Analisar a sala de aula na perspectiva musical (o quê meus discentes ouvem?)
  • Estudar música na sua amplitude total (técnica e prática)
Sem querer, já estava fazendo uma projeção de minhas práticas futuras citando apenas poucas características que devo possuir. Os grandes teóricos influenciam opiniões e o livro "Pedagogia da autonomia" me deixa com a sensação de que é possível intervir na sociedade (logicamente com a educação). Como o capitalismo vive à sombra da dicotomia pobres e ricos (longe de falsos determinismos, mas é uma situação complexa de reverter), com o instrumento pedagógico nas mãos podemos oportunizar pessoas que jamais sonharam em ter conhecimento e mudar um pouco essa detenção de saber por poucos.
Minha reflexão termina ao pensar por quê todos da minha cidade não ouvem a 5º sinfonia de Beethoven? Pra mim prática tão comum, mas no entanto, tive todo acesso possível para ter tal conhecimento. 
Por que eu sou o escolhido? Já que eu sou agraciado com o ensino superior público creio ser um dever lutar pelo " abre - te sésamo" da juventude que está ao meu alcance. Não sei se são elucubrações de fim de noite no momento, mas o que está fazendo sentado apenas corrigindo provas maquinalmente ou preparando sua próxima aula totalmente engessada com o que deve ser dito e o que deve ser escutado dos discentes?
Vamos nos imbuir do espírito de ser professores ou docentes, como queiram chamar, formadores de "cabeças pensantes" que mudam a sociedade em que vivem. Não esquecendo que ao adentrar tal seara estaremos comprometidos com todos os métodos e a curiosidade para elaborar um "bate papo",esperando a qualquer momento ser surpreendido com uma pergunta estonteante de algum aluno que mude o rumo de tudo. 
Isto vai tornar a sala de aula um ambiente interessante e efervescente com certeza.

domingo, 26 de julho de 2015

UNIVERSIDADE E DIALÓGO





Quando nos foi dada a tarefa de produzir uma reflexão sobre o que veria no 1º Fórum Social da UFSB, percebi ser uma oportunidade única para presenciar um fato até então distante na região em que vivemos: INTERAÇÃO UNIVERSIDADE - SOCIEDADE.
Não estou determinando que em outras universidades ou faculdades esse tipo de prática não seja realizado, mas nunca ficou tão explícita essa união, por que ao final do dia constatei que essa simbiose deu o primeiro passo para se tornar efetiva. Alguns aspectos devem ser melhorados, mas o reitor deixou claro que a universidade busca essa legitimidade social e uma das práticas que corroboram essa questão são a extensão. 
Interessante notar o apoio incondicional de outra universidade vizinha que também é formadora de profissionais (UESC), ressalvando, que o sistema de ensino da mesma é conteudista.Representantes da CEPLAC, dos estudantes, vice - prefeito e demais autoridades reforçaram a importância e o apoio à instituição, o que fortalece e coloca um sopro de esperança para a região que se encontra ainda carente no sentido econômico e uma série de problemas( o desenvolvimento perpassa pela capacitação de pessoas, logo, um acesso mais igualitário à universidade).
Pelo turno da tarde, estes debates com a sociedade passaram a ser "corpo a corpo" com cada sala tendo representantes da sociedade. Os docentes e discentes da UFSB, tiveram a oportunidade de ouvir as demandas de cada segmento e na inscrição escolhi a sala em que as comunidades indígenas (Pataxó, Pataxó~Hãhãhãe e Tupinambá) discorreram sobre suas expectativas mais prementes.
As prioridades perpassaram por valorizar a cultura indígena, utilizando os saberes tradicionais que eles dispõem no contexto da universidade e essa mesma comunidade extraindo conhecimento disponível no aparato da instituição (participação de mestres tradicionais na UFSB como docentes, inclusão dos centros universitários nas comunidades indígenas e apoio da UFSB na demarcação de terra).
 No turno da noite em plenária foi exposto o sistema educacional da UFSB, em que por 3 anos (tempo de completude da formação geral) alunos de distintas formações estudam juntos e trocam experiências das mais variadas, sendo a distinção de caminhos realizada no segundo ciclo e terceiro ciclo (segundo ciclo - formação profissional e terceiro ciclo - pós graduação e mestrado). Essa atividade foi para mitigar dúvidas dos discentes, que sempre levam um "choque educacional" inevitável.
Enfim, este fórum serviu para repensar minha visão de profissional que eu tinha em mente. Como fui discente da UESC e passei toda minha vida estudantil recluso na estrutura de poder (professor detentor do saber - aluno vazio de saber), em que os alunos recebiam conhecimento sem qualquer tipo de reflexão em cima destes assuntos reflito sobre o meu passado agora. Interessante que tive experiências como professor e acabei repetindo este mesmo modelo em que fui "formado" calando alunos, mantendo a ordem e não entendo o que o discente tinha a dizer e contribuir (leitura de mundo).
Com toda certeza, hoje não faria isso por quê o aluno ao ser responsável pela construção do conhecer se mantém mais interessado e é o que acontece comigo como discente da UFSB.
Saí transformado deste encontro, pois, é possível ter uma universidade que dialoga com a sociedade e que transmite um novo direcionamento de ensino em que o professor é um mediador (modelo que esperamos ser incluído desde as mais tenras idades de um individuo). O futuro,logo, considero mais promissor para a nossa região e a UFSB é uma das responsáveis por essa esperança renascida.